sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A lacuna entre seis e meia dúzia


É sempre atraente observar o momento em que os deuses interferem na vida dos homens, interferem no caos por eles relegado, interferem por seus motivos mundanos. E foi a esse mundo terreno-gramado ao qual o Zeus José Maria Marin compareceu, condenando ao Hades o auxiliar Emerson de Carvalho por seus equívocos na malfada batalha de Belmiro.

Se para alguns a interferência onipotente significa castigo, para outros é um prodígio. Para mim é prenúncio, é mistério. O toque divino jamais se encerra nele mesmo ou em suas consequências; ele é sempre um entreato, ou um aviso, ou uma preparação. Em todo o caso, a nós, mortais, resta somente especular quanto a atitude do deus, posto que são poucos os recursos práticos que nos restam ante à situação.  

O que esperar após a exemplar punição ao auxiliar Emerson de Carvalho? Aos perpetradores de erros futuros, caso tão crassos quanto o referido, serão aplicadas penas semelhantes? Seria o caso atual especial? E se for, qual a singularidade que ele apresenta: os envolvidos - um deles já muito invejado por seus pares pelo suposto favorecimento que os deuses lhe concedem -, o momento político - no qual o novo Zeus reconfigura seu Olimpo -, a busca pelo amor dos mortais - que há muito desconfiam de suas entidades e por elas não mais acendem velas -?

Veremos nas situações vindouras as lacunas que a CBF entende existir entre seis e meia dúzia, porque seria muito interessante sabermos se esse rigor se aplica, por exemplo, ao campeonato da série B, se ele é inauguração de um padrão que se espera daqui por diante, se ele virá acompanhado de medidas que auxiliem a arbitragem.


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